quarta-feira, 30 de abril de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
sábado, 19 de abril de 2014
Chegada a Angola
Dizem e é bem verdade: quando se chega a Angola e se sai do avião, é-se invadido por uma sensação estranha.
À parte da "bafarada" do ar quente e húmido que se cola na cara, tudo é um mundo novo. Pobre, sujo, muito sujo. Pessoas a vender no meio dos carros desde telemóveis, cintos e carteiras (o esperado) até esfregonas, cabides para roupa, tudo serve para vender.
Só para terem uma ideia, 70% do comércio angolano é assim, informal. Na rua, nas janelas de casas, nas centenas de mercados mais ou menos organizados. Apenas uma franja de 3 a 4 milhões de pessoas é que entram nos supermercados.
Caro, tudo muito caro (exceto tabaco e combustível, claro). Tenho a carteira cheia de notas, maços e maços de notas que não valem nenhum, moedas então não têm qualquer valor.
Trânsito caótico. Mesmo quando não é "pára-arranca", não existem regras. Os camiões vão pela faixa da esquerda, quem quiser passar que se desenrasque, ultrapassa-se pela direita, vai-se pelas bermas, tudo é permitido. Depois de umas horas de chuva, é ver carros entalados no meio da lama que só dias depois conseguirão sair dali. Ontem, por exemplo, íamos ter uma reunião às 18h00 e a carrinha só chegou cá às 20h30 :)
Para isto tudo usa-se o acrónimo TIA - This is Angola.
Já me chamaram de tudo: chefe, boss, pai e padrinho e ainda nem sequer conheci qualquer pessoa com quem vou trabalhar. Este é o tratamento que se dá ao estilo "senhor" ou "você", sem qualquer conotação hierárquica.
À parte disto tudo, há uma alegria intrigante no rosto destas pessoas que quero muito descobrir: apesar do limiar da pobreza ser numa escala difícil de ser percebida por nós, eles (sobre)vivem. Vivem felizes, com o pouco ou nada que têm.
Sempre achei que o meu pico de felicidade estaria no ultimo nível da pirâmide do senhor Maslow. Mas já diziam os Clã, que, "depois de lá chegar, vais querer saltar".
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